Hoje pela manhã ocorreu um acidente de pequenas proporções no Campo de Marte com um helicóptero de instrução da Go Air, que tocou o rotor de cauda ao tentar pousar. Não houve feridos, e eu nem ia escrever sobre o ocorrido, que é de pouca importância. Na verdade, este post é sobre como o acidente foi parar na imprensa. Leiam a notícia publicada pela manhã no Estadão (a versão atual está um pouco diferente):
Helicóptero faz pouso forçado no Campo de Marte
SÃO PAULO – Por volta das 7h15 desta sexta-feira, 18, um helicóptero modelo Robinson 22, da empresa Gol Air, fez um pouso de emergência no Campo de Marte, na zona norte da capital paulista.
A aeronave, de porte pequeno, ocupada por piloto e instrutor, era utilizada num voo de instrução e teve que pousar na pista utilizada por aviões. Ao tocar o solo abruptamente, o helicóptero perdeu parte da calda. Não há registro de feridos.
Segundo a assessoria de imprensa do Campo de Marte, a base aérea está liberada por enquanto apenas para pousos e decolagens de helicópteros. A perícia está no local. A empresa Gol Air afirmou não ter informações disponíveis até o momento.
Agora, vejam como o acidente saiu na Band:
Helicóptero faz pouso forçado em São Paulo
Um helicóptero realizou um pouso forçado, na manhã desta sexta-feira, no Campo de Marte, aeroporto localizado na zona norte de São Paulo.
Segundo informações, a aeronave estava em um curso de autorrotação, quando se envolveu no acidente.
Durante uma simulação de pouso de emergência, a cauda do helicóptero bateu no solo, o que provocou a perda do motor de cauda. O instrutor e o aluno que estavam na aeronave no momento do acidente não ficaram feridos.
Comento
As duas matérias foram escritas pelos estagiários mais bisonhos que havia nas respectivas redações – como é a praxe em assuntos de aviação. Se não, vejamos. Primeiro, os erros formais das matérias:
- O nome da escola proprietária da aeronave é Go Air. Gol Linhas Aéreas é aquela companhia aérea laranja, que opera Boeings.
- Calda é a do sorvete ou do bolo (calda de chocolate, calda de morango); cauda de cachorro, de gato, e do avião ou do helicóptero é sempre com “u”.
- Na cauda do helicóptero pode existir um rotor (que muita gente chama de “hélice traseira”), nunca um motor, que é uma coisa completamente diferente.
Mas isso nem é o pior (por incrível que pareça). O problema é que as reportagens estão essencialmente erradas. Não houve “pouso forçado” nem “pouso de emergência” (o helicóptero não estava em pane): na verdade, o que ocorreu foi uma manobra de auto-rotação que saiu errada, e o helicóptero tocou com o rotor de cauda no solo, nada mais que isso.
A auto-rotação é uma das manobras mais treinadas nos cursos de formação de pilotos (não existe “curso de auto-rotação”), e a Band quase acertou quando disse que era uma “simulação de pouso de emergência” (então por que afirmou no título que ocorreu um “pouso forçado” em São Paulo?), mas o estagiário não entendeu o que estava escrevendo. Ah, e o Campo de Marte não é uma base aérea, e sim um aeródromo de uso misto (ou seria “mixto”, sr estagiário?).
Eis aí mais um exemplo de como a imprensa trata os assuntos relacionados à aviação: da pior maneira possível, sempre enfatizando a catástrofe: Pouso forçado! Pouso de emergência! Lamentável…
Celso
8 anos agoQuestão de terminologias: pouso de emergencia é quando o piloto faz um pouso em um aeroporto ou pista de pouso que não estava programado para tal; pouso forçado é quando ele pousa em um local que ele avalia ser o melhor disponível para tal, em razão de alguma emergencia.
Eduardo
9 anos ago“Rauu”,
Pelo o que conversei com o pessoal no Campo de Marte, existe uma outra possibilidade que ocasionou o acidente.
Durante o “flayer” o rotor principal tocou na cauda do Helicoptero e ocasionou o corte. Quando se cabra o cíclico com muita intensidade e com auxílio de um vento de proa as coisas só tendem a piorar. Isso ocorre devido ao batimento da pá.
Em relação as matérias pelos sites, também fiquei “idiguinado”, é muito erro numa matéria só. Outra coisa que você não mencionou mas eu vi é que eles falaram que o aeródromo estava interditado, quando na verdade ficou impraticável.
Vamos aguardar o relatório final para saber o que realmente aconteceu.
Abraços,
Eduardo.
Fred Mesquita
9 anos agoEssa é a mesma imprensa que vive falando que sobram vagas de emprego de pilotos. Por isso mesmo é que a confiabilidade deles nesses e em todos os demais assuntos, por mim, é de 10% no máximo de ser verdade.
Juliano Genari
9 anos agoLendo isso eu só consigo lembrar do Cessna 152 “bimotor” com “capacidade para até 6 pessoas” que ficou pendurado no fio de alta tensão no inicio do ano…
É a imprensa do nosso paiz está cada vez pior, e quando se trata de aviação ela consegue se superar!!!
pedropramos
9 anos agoResumindo: Um helicoptero da Gol Air fez um pouso forcado quando bateu a calda do helicoptero perdendo o motor na tentativa de uma simulacao de pouso de emergencia em uma pista para aviao na base aerea do campo de marte.. No minimo foi relatado por uma Panicat ! hahaha
Rodrigo (@_aerorodrigo)
9 anos agoahahahahahahahaha!
Humberto Rodrigues
9 anos agoConseqüências da Progressão Continuada que o Mário Covas criou… Só rindo mesmo!!!
Arthur Wesley
9 anos agoNesse exato momento a reportagem do Estadão foi atualizada mas com o mesmo erro situacional, e as palavras corrigidas, calda para cauda e pouso de emergência para pouso forçado, mas a empresa continua sendo a GOL AIR!!!. pelo amor de DEUS!!!!
Rodrigo (@_aerorodrigo)
9 anos agoEu rolo de rir ao mesmo tempo em que sinto raiva dessas reportagens!
Rodrigo (@_aerorodrigo)
9 anos agoO mais interessante são as tags no final, “Tragédia! rssrsrsrs
Alisson Santana (@alisson_santana)
9 anos agoEssa é pro senhor Omar, do seriado “Everybody hates Chris”: – Trágico, trágico…
huahauaha
Lucas Neves
9 anos agoKkkkkkkkkkkkkkkkkk!! Tragico tragico so Sr. Omar foi a melhor do dia!!!