Na foto acima, sentado no assento da direita, o recém-regulamentado PTM-Piloto de Tripulação Múltipla (também conhecido como “MPL”): uma das soluções mágicas para o “apagão de pilotos” que nunca existiu (a outra seria a abertura do mercado para pilotos estrangeiros).
Este blog cresceu muito nos últimos meses, e muitos dos leitores atuais não o conheciam na época em que eu comecei a escrever sobre o tal “apagão de pilotos” aqui. Então, gostaria de recordar o assunto:
- Primeiro, vejam aqui um exemplo de reportagem sobre o caos que se avizinhava relacionado à falta iminente de tripulantes para os aviões brasileiros. Esta reportagem da revista “Isto é” é típica ha histeria que se viveu em 2010/11 (e no começo de 2012). Seu título? Adivinhem? “Apagão de pilotos”!
- Mas quem estava por trás desse movimento na imprensa? Vejam nesta matéria do jornal “DCI-Diário do Comércio & Indústria & Serviços” (reproduzida abaixo, pois é preciso ser assinante para acessá-la na íntegra) quem era a principal companhia aérea que batia o bumbo do “apagão de pilotos”. Uma dica: esta mesma companhia demitiu 2.500 funcionários recentemente.
- Este aqui foi meu primeiro artigo argumentando que o tal “apagão de pilotos” era uma falácia: “Apagão de pilotos??? Bullshit!!!“. Depois dele, publiquei dezenas de posts sobre este assunto, falando sozinho sobre isto até que a revista “Aeromagazine” publicou, um mês depois do meu post inicial, um artigo sobre o mito do apagão.
- E antes até da criação deste blog, eu já alertava sobre o problema da mudança do texto do CBA-Código Brasileiro de Aeronáutica para permitir o ingresso de pilotos estrangeiros na aviação brasileira, neste post do meu outro blog, o “Toca Raul!!!”: “Apertem os cintos, o piloto faliu!“.
Agora, até as pedras do piso do Bar Brahma do Aeroclube de São Paulo sabem que está sobrando pilotos no mercado. Tanto é que um diretor de aeroclube confidenciou a um amigo que sua escola está experimentando uma redução de 25% nas horas voadas nos últimos meses. E, a julgar pelo rumo que nossa economia está tomando, as perspectivas são ainda mais sombrias…
Fiquem agora com a reportagem do DCI na íntegra:
Para evitar ‘apagão’, Gol planeja abrir escola própria para formar pilotos
Enquanto se discute no mercado de aviação se há ou não o risco de um “apagão” de pilotos, a Gol estuda a criação de um centro de treinamento próprio para agilizar a formação desses profissionais, a exemplo do que a rival TAM faz há cinco anos. “A ideia é montar um centro de treinamento com dois simuladores”, diz Adalberto Cambaúva Bogsan, vice-presidente Técnico da Gol. A decisão deve ser tomada nos próximos dois meses.
Desde que foi fundada, há dez anos, a Gol realiza o treinamento -de seis meses de duração- dos seus pilotos de forma terceirizada no centro da fabricante canadense de simuladores CAE, em São Paulo. Segundo Bogsan, com a criação do centro de treinamento próprio, esse prazo deve ser reduzido em pelo menos 45 dias. Para se ter ideia da importância que o treinamento de pilotos representa hoje para uma companhia aérea, basta ver os dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac): a demanda por voos domésticos no Brasil aumentou 23% em 2010, mas o número de habilitações concedidas para pilotos e co-pilotos comerciais cresceu apenas 5%.
Contratações
Nos últimos meses, a Gol contratou 394 profissionais que atualmente estão sendo treinados para, até maio, assumirem o posto de co-piloto. Isso representa um aumento de quase 30% no quadro de pilotos e co-pilotos da empresa. É prática comum as companhias aéreas recrutarem apenas co-pilotos e depois promoverem os mais antigos ao cargo de comandante. Bogsan não revela qual o investimento necessário para a implantação de um centro de treinamento próprio. “O preço de um simulador varia, mas pode-se afirmar que é um negócio de milhões.” Segundo comunicado da matriz da CAE, a venda, em 12 de janeiro deste ano, de cinco simuladores de diferentes versões representou contratos no valor total de aproximadamente US$ 65 milhões.
Internacional
Fora do País, a Swissport começou 2011 com as operações: o novo voo do Rio de Janeiro a Moscou, da Transaero, a segunda maior companhia aérea russa, que parte do Galeão com um Boeing 747-400 todas as segundas-feiras. A empresa afirma que cuidará das operações de rampa da Lufthansa Cargo na nova frequência de Frankfurt a Manaus. A Lufthansa Cargo já é cliente da Swissport nos voos operados a partir do Aeroporto de Viracopos, em Campinas.
Bruno
10 anos agoApagão de pilotos?? hahahahahhahahaha conheço vários PC/Multi IFR checados ha mais de um ano e ainda nao conseguiram nada remunerado… Isso pq eles tem poucas horas, mas se realmente estivesse acontecendo um apagão, eles ja estariam empregados…. isso eh enganação!!
Raul Marinho
10 anos agoPois é… É exatamente esta a situação do dono do blog…
Fred Mesquita
10 anos agoUm dos que começou com a boataria do “apagão de pilotos” foi o dono da AZUL, bem antes da empresa existir no Brasil. Na época, o próprio, informou que a nova empresa aérea no Brasil, a Azul Linhas Aéreas, iria explorar um mercado pouco conhecido – o mercado das regionais – que até hoje ficou só na conversa.
Para mim, o que define o “apagão de pilotos” é simplesmente colocar todos em frente a um moro e fuzilar todos com a promessa de baixos salários e a revogação da carta de alforria, escravisando-os a serem eternos escravos da empresa. E parece que a coisa está dando certo…
Chegará o dia em que os salários dos tripulantes das linhas aéreas estará equiparado aos dos profissionais de baixíssima renda. E não falta muito para isso acontecer….
Humberto
10 anos agoSão os “altos e baixos” da aviação fielmente acompanhada à evolução da economia mundial/nacional. Quando a situação econômica melhora, a aviação é a última a melhorar, quando a situação econômica piora, a aviação é a primeira a piorar. Sempre foi assim, sempre será assim, não existe fórmula mágica.