Vejam abaixo a resposta do leitor Daniel Prado Assunção sobre o assunto comentado no post ” Da indigência a que chegou a infraestrutura aeroportuária no Brasil“, explicando porque se escreve TACSUEI (vide imagem acima) para se referir a uma taxiway no ATIS. Continuo achando uma indigência haver um sistema tão tosco que se tenha que apelar a truques como esse, mas pelo menos o pessoal que lida com ele não é tão despreparado quanto se supunha…
Bom dia, senhores. Primeiro, parabéns pelo blog. Sinto-me num hangar com os amigos ao ler os posts do site. Vamos lá! As mensagens ATIS são confeccionadas através de um computador. O controlador preenche um formulário (similar ao de site de compras) com as informações pertinentes e o sistema transforma em msg de áudio. A maioria dos campos já é pré formatada, como exemplo a pista em uso, procedimento, vento, qnh e etc, onde o operador somente insere o valor correspondente. No fim do formulário, existe um campo para texto livre, onde são colocadas informações que fogem à normalidade. É o caso da impraticabilidade/interdição das taxiways. Quando ocorre tal situação em um AD, essa informação é inserida via texto livre e muitas vezes o sistema “traduz” de forma incorreta. A palavra taxiway normalmente é reproduzida como “taxivai”, tanto em inglês, quanto em português. Daí a necessidade de se escrever errado para “enganar o sistema” e a reprodução ser feita de forma correta. Tacsuei, taxi uei e outras variantes são empregadas nesse sentido. Várias outras palavras também precisam ser ajustadas. O problema é que o d-atis pega a informação escrita, com todos os ajustes feitos para o áudio, deixando o usuário com a sensação de que o controlador tem dificuldades com a língua. Um abraço a todos.
Daniel Prado Assunção
Instrutor de voo e controlador de voo de SBSP.
Marcelo Mariozi
7 anos ago“taxi way”, ou “twy” não é possível???
fazer o certo e consertar o problema não é possível???
pq no mundo todo funciona e só aqui que não???
é vergonhoso ver a cara de dúvida dos gringos quando pegam um D-ATIS desses…
Robson
7 anos agoPorque não abreviam da mesma forma que o RWY (Runway)?
Raul Marinho
7 anos agoE como é que o sistema vai ler (em voz sintetizada) RWY?
Daniel Prado Assunção
7 anos agoNo áudio vai sair soletrado, Robson e Raul. Um que gera bastante confusão é o termo VOR. Se a escrita for VOR, o áudio fica como se escreve, ou seja, uma sílaba só. A alternativa é escrever “veorre”, assim o áudio sairá com a pronúncia correta. Quando o sistema não consegue formar sílabas, a palavra é soletrada. É o caso de rwy, twy, twr, thr, e etc. Abraço.
Bruno Tuono
7 anos agoGrande Prado! Como sempre um ótimo professor.
Daniel Prado Assunção
7 anos agoAbração, Tuono. Apareça por SBJD.
Enderson Rafael
7 anos agoImagino os americanos como fazem… afinal, “uei” pra eles não tem o som que tem pra nós. E agora, José?
AT72
7 anos agoCaramba, tem muita gente que ainda acha que o mundo da aviação é perfeito, quanta ingenuidade…. Isso é porque ainda não viram alguns FMS que existe por ai, têm coisa muito pior e convivemos sem problemas ou indignações há muito tempo…
Aos que estão indignados ou se sentindo prejudicado com a situação e acham isso o fim do mundo, cuidado que têm coisa muito pior do outro lado do balcão…
Daniel Prado Assunção
7 anos agoConcordo 100%. Abraço.
André Pavin
7 anos agoAchei que não seria erro de estagiário mesmo, hehe. Obrigado pela explicação Prado.
Daniel Prado Assunção
7 anos agoQue isso, André. Um abraço.
Eduardo Lopes
7 anos agoDaí a importância de buscar a informação correta, ou mais perto disto, antes de replicá-la como no caso dos ‘motoboys/caminhoneiros que lutam por direito ao não direito’… O Daniel Prado poderia ser omisso – vez que nada iria mudar – porém, para nossa sorte, com serenidade e cautela, descortinou o mistério da ‘TACSUEI’
Louvável também a atitude do blog em destacar a informação dada pelo Daniel, parabéns.
Daniel Prado Assunção
7 anos agoVamos manter a troca de ideias, Eduardo. Abraço.
Renan Guedes Alexandre
7 anos agoComo programador de software, fiquei abismado com tamanha “gambiarra” num universo conhecido como o mais tecnológico que se vê por aí.
Então é mais fácil estragar todo um lado (D-ATIS) do que consertar o problema que está somente na interpretação pelo sistema de áudio? Ah se a moda pega…
Daniel Prado Assunção
7 anos agoBoa noite, Renan. Concordo plenamente. Essa moda não pode pegar. O software tem que atender aos dois serviços (atis e datis) de forma correta. Mas vale considerar que todas as aeronaves voando em uma TMA tem condições de adquirir a informação atis pelo vhf. Porém, nem todas tem capacidade de utilizar o datis. Por isso, levando em conta a operação com o sistema que temos hoje, é menos ruim comprometer o texto do datis que atende somente uma parcela dos tráfegos do que comprometer o áudio, que pode ser utilizado por todas as aeronaves. Note que não estou justificando o problema do software, mas sim mostrando uma forma de operar dentro de suas limitações. Abraço.
Fábio Otero Gonçalves
7 anos agoExplica, mas não justifica. Em nenhum outro sistema do planeta que eu conheça (principalmente aqueles onde o inglês não é língua-mãe e nem idioma oficial, inclusive com alfabetos em caracteres distintos do alfabeto latino) se vê esse tipo de distorção. Como ele mesmo falou, só faz depor contra o sistema daqui e seus operadores. E aí, vai ficar por isto mesmo???
Daniel Prado Assunção
7 anos agoNunca defendi o sistema, amigo. Muito menos depus contra os operadores. Se vai ficar por isto mesmo, depende muito de você. Acredito que valha muito a pena você juntar-se a nós enviando reclamações destinadas as autoridades com intuito de que o sistema seja alterado para que atenda simultaneamente ao ATIS e ao DATIS de forma correta. Tenho certeza de que o peso de sua experiência internacional será muito útil numa reclamação desse tipo.
Glauber Gallo
7 anos agoMuito bem esclarecido por nosso amigo Daniel Prado. Grande abraço Prado.
Daniel Prado Assunção
7 anos agoAbraço, Gallo.