A ATSB-Australian Transport Safety Bureau (a NTSB da Austrália) publicou ontem um Relatório Final muito interessante para quem gosta de entender melhor questões relacionadas à automação na aviação. Resumidamente: a tripulação “roubou” 10 toneladas de peso ao digitar os dados nos sistemas de cálculo de performance da aeronave (um Boeing 737-800), o que resultou numa aceleração menor e, consequentemente, menor velocidade, levando a um tailstrike na decolagem – apesar disso, o voo prosseguiu normalmente e pousou no seu destino final sem qualquer problema. “Detalhe”: tanto o comandante quanto o copiloto daquele voo tinham mais de 10.000h de experiência, e estavam ambos retornando de uma folga de dois dias (logo, não foi a fadiga uma provável “culpada”). Ou seja: foi um erro de operação por dupla desatenção mesmo, sem atenuantes – uma possibilidade que sempre estará presente, por mais que os profissionais envolvidos na prevenção de acidentes se esforcem em mitigar. Talvez seja exatamente esse o maior ensinamento deste relatório: que sempre haverá espaço para o erro humano, por melhor estruturada que seja a operação.
Enderson Rafael
7 anos agoO mostrador de limite de pitch aparece nas acfts equipadas com HUD. Por isso eu nunca vi ;-)
Pedro Santos
7 anos agoOlha que interessante.
Acabo de aprender por esse Relatório que há um indicador de “Tail Strike Pitch Limit” no PFD
Enderson Rafael
7 anos agoOlha, se tem, eu nunca vi. Mas no manual de tecnicas de pilotagem do 737NG fica bem claro que com 11° de pitch na decolagem o -800 toca a cauda no chão. Já para o pouso a relação mais óbvia é com a velocidade. Se fizer flare e para alisar deixar a velocidade drenar, o toque é bastante provável.
Joaquim
7 anos agoO procedimento de doble check, por ambos os pilotos é saudável e se não evita, diminui sensivelmente
este tipo de confusão. O PNF pega o manual, e verbalmente repete, aeroporto, altitude, temperatura e peso, com a atenção e aknowledgment do PF.