O jornal O Globo publicou uma matéria neste final de semana (“Em tempos de crise, um jatinho para chamar de nosso” – 22/11/15) anunciando no subtítulo que “o compartilhamento de aeronaves chega a crescer 15%“. A reportagem não informa quais foram suas fontes para afirmar a existência de tal crescimento – possivelmente sejam as mesmas “empresas que gerenciam aeronaves para terceiros” que disseram que a modalidade permite economia de até R$2milhões/ano (o que, é claro, é só um “grande número”, mas que não significa nada na prática) -, muito menos especifica o quanto deste crescimento se deve à migração da propriedade única para a compartilhada, e o quanto é nova aquisição. Todas estas são informações cruciais para entender o que realmente está acontecendo no setor de compartilhamento de aeronaves, e a falta delas faz da reportagem pouco relevante para o público especializado, já que não dá para saber a base para calcular esse tal crescimento, o sub-segmento que mais cresceu, etc.
Esta modalidade de aquisição de aeronaves, entretanto, é crucial para viabilizar a operação aeronáutica particular – já que, num país com juros tradicionalmente altos e custos dolarizados, otimiza o capital imobilizado e os custos da operação “91 pura”. E, por mais que a reportagem tenha as suas deficiências, o assunto vem à discussão numa boa hora, pois o novo RBAC-91, ora em Audiência Pública (a de N°17, disponível aqui), deverá dar nova forma à regulamentação das aeronaves compartilhadas. Na verdade, a grande “novidade” do texto atualmente em discussão é justamente o trecho que trata do compartilhamento de aeronaves que está na “Subparte K” do quadro comparativo RBAC-91 (pág.89 a 138). Este é o texto que realmente interessa para o público especializado da aviação geral atualmente.
Paulo
7 anos agoTalvez não dê refresco algum no mercado de trabalho para os recém formados. Segundo 91.1053 Experiência como tripulante, é necessário ter 1500hs de voo para Comando e 500hs para segundo em comando.
Entendo que há “brechas” no regulamento mais a baixo para uma pessoa com 500hs totais, porém, menos de 100h no equipamento, o que para os recém formados, nada ajuda. Pena.
Raul Marinho
7 anos agoMas o piloto com 1.500h/500h que vai para uma posição dessas libera espaço no seu TPP sem esse tipo de restrição, que é onde o recém-formado consegue entrar. Esses requisitos não são o problema, o que vai fazer a diferença em termos de empregabilidade é haver demanda por parte dos operadores. Se houver, a engrenagem roda e todo mundo fica feliz; se não, ninguém consegue nada, independente de requisitos do regulamento.
Paulo
7 anos agoPois então… por esta sua ótica, você está certo. Mas a propriedade compartilhada no meu pensamento quando fiz o comentário, é um mercado logo acima do TPP e logo abaixo do TPX, uma propriedade compartilhada “low-cost”
Agora a pergunta é: Donos de 3 Senecas vão se unir e vender dois, ou três pessoas que não voam por falta de uso na aviação vão comprar um Seneca?
Raul Marinho
7 anos agoÓtima questão neste seu segundo parágrafo!
Saiu uma matéria n’O Globo dia desses apontando para o 1o. caso.
Mas, honestamente, eu acho que há possibilidade de o 2o. caso tornar-se importante no Brasil.
Veremos…
Fred Mesquita
7 anos agoEm 1998 voei por quase 4 anos um avião compartilhado por 3 sócios comuns entre si. Cada qual tinha poucos voos, o qual foi a ideia deles em compartilhar a aeronave para diminuir os gastos. Nunca houve briga entre eles.